terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Hipocrisia.


Ainda ontem conversava sobre hábitos.
Em suma, destaquei o de as pessoas não viverem mais os momentos, para retratá-los.
Lembrei-me de uma viagem para Minas Gerais, quando, enquanto eu tomava banho na cachoeira, a maioria das pessoas somente a fotografava ou a filmava. E também de quando assisti a queima de fogos na festa julina do meu colégio... Muitos a assistiram por detrás da lente - quanta superficialidade!
No entanto hoje, repousando a cabeça na almofada e massageando os pés do meu pai, pensei em pensar se eu, em outras circunstâncias, também não troco a vivência pelo vestígio.
Se deixei, algumas vezes, de optar pelo tangível para optar por algo longe... muito longe de se tatear. Isso porque simplesmente não quis fronteiras para o pensamento, mas quis para o corpo, a acomodação.
No mais, os ícones sempre foram condenados por mim. Meu espírito simbolista não permite que eu vá direto ao ponto; que eu fale sem devaneios; que não abdique de toda forma objetiva de ser.
Crio-me, não como quem cria: Mas como quem autoriza a naturalidade da própria criação. Não como quem rega a flor para que ela cresça, mas como quem tem o poder de autorizar que chova.
Assim, muitas vezes, me couberam as coisas: Dignas de imaginação. Indignas de lembranças e atos.
A vida não tem meus olhos diretamente nela. Sempre houve, e ainda há, um intermédio, a lente, uma ponte de refúgio.
Gosto verdadeiramente da covardia.

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