O
rosto dele não é uma ilustração dos seus sentimentos. Parece que ele não gosta
de se deixar sentir nada, não quer deixar transparecer nenhum interesse nunca;
e faz isso sem o menor esforço.
Ele
tem lábios nem muito finos, nem carnudos demais. Quando sorri, o superior se
reduz e dá espaço pro meu sorriso.
De
todo o resto, o que há de menos implícito nele são os olhos. E assim mesmo são
forrados, cobertos de mistério e quase sempre encolhidos; quase sempre
silenciosos. Minha intuição diz que ele mora por completo, ali, dentro deles, e
mal sabe o porque disso.
É
como se ele fosse capaz de ler cada pessoa, como um narrador onisciente. E, ao
fazer isso, indiretamente me intima a tirar mil análises e interpretações de
seus gestos e características.
Para
mim, o rosto dele e ele estão distantes de todos os planos, entendimentos e
conclusões. Não podem ser evidências, mas também não podem ser anulados. São
sonhos duplamente impossíveis.
O
rosto dele e ele, para mim, é todo um par de olhos sem coração.