terça-feira, 17 de abril de 2012

O rosto dele e ele.


O rosto dele não é uma ilustração dos seus sentimentos. Parece que ele não gosta de se deixar sentir nada, não quer deixar transparecer nenhum interesse nunca; e faz isso sem o menor esforço.
Ele tem lábios nem muito finos, nem carnudos demais. Quando sorri, o superior se reduz e dá espaço pro meu sorriso.
De todo o resto, o que há de menos implícito nele são os olhos. E assim mesmo são forrados, cobertos de mistério e quase sempre encolhidos; quase sempre silenciosos. Minha intuição diz que ele mora por completo, ali, dentro deles, e mal sabe o porque disso.
É como se ele fosse capaz de ler cada pessoa, como um narrador onisciente. E, ao fazer isso, indiretamente me intima a tirar mil análises e interpretações de seus gestos e características.
Para mim, o rosto dele e ele estão distantes de todos os planos, entendimentos e conclusões. Não podem ser evidências, mas também não podem ser anulados. São sonhos duplamente impossíveis.
O rosto dele e ele, para mim, é todo um par de olhos sem coração.



Um comentário:

  1. Sou quase viciado nesse texto. É uma descrição que me assombra de tão precisa e me alegra de tão apaixonante. Vou guardar você e ele sempre com muito carinho, saudades e cuidado.

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