domingo, 10 de julho de 2011

Para um amigo.


Olá,Paulo. Li seu e-mail pedindo notícias,querendo saber de mim...Estou bem.
Ingressei na faculdade - aprendi que, algumas vezes, começar a entender é começar a desentender tudo.
Sinto falta de mais horas diárias. Minha vida tem sido uma atraso em cadeia.Mas, observando bem, nunca foi diferente, né? Demorei para perceber que a maturidade vinha a passos largos;demorei para cair em mim e, efetivamente, escrever;demorei até mesmo para... Para te responder? É,a pontualidade e o perfeccionismo são mesmo inimigos.
Dentre tantas ilusões, portanto,que esvaeceram quando dei aos meus olhos outra visão que não a poética, foi a de que não existe inspiração, meu caro, nem correntes de pensamentos existem, tampouco.
O que existe,para uma mulher como eu,são pensamentos acorrentados; ombros cansados; olhos limitados de enxergar.
Não existe sombra, nem formas de contentamento, nem conforto em versos mundanos.
O que existe é a projeção contraditória da natureza, desestabilizando a realidade.
O mundo está preso por um fio tênue (quase de silicone), ligando um ponto a outro a imagem de suas implicações, suas explicações... - desconhecidas, intocadas, mas demonstradas (sem contorno).
Por isso acredito que exista, sim, o que espelhe o espírito humano, e que, no reflexo deste, deixa-se desmanchar.
No entanto, não me transformara em racionalidade para dizer-te essas coisas assim... Insípida.
Continuo entusiasta da liberdade e do amor - sem que essas características fossem-me opcionais.
Espero que esteja feliz, apesar da banalização do sentimento de modernidade. 
Mande um beijo para a Lú, e guarde outro para você.



F. Luchiari.