- Quer fazer o que não pode, mãe? Quer sumir; ir de bicicleta, ou a pé, andar como uma louca por lugares desconhecidos; quer aprender a outra língua, quer...se embriagar?
- Perguntarei a ela, -e resmungando continua- sempre tem alguma coisa.
Mas enquanto corre a hora, entre
café, livros e solitude...
(Um dia ainda irei até lá buscar
as minhas roupas no armário dele – ele não se desfez delas, desfez? Um dia vou
buscar.
E vou levar um pouco de éter, do
perfume nos cabelos e na roupa. Vou de corpo inteiro. Volto de corpo inteiro, e
com alguns anos a menos).
Corre a descrença tímida e muda de que Fernanda
vai abrir asas e voar. Ela saboreia a liberdade de um jeito muito impessoal. E
os amores, os erros, a quentura... Sente tanto, que chega a se sufocar – mas
onde estão eles, Fernanda...?Onde estão?
(Um trocado amassado no bolso; dois
projetos incompletos na pasta; desejo por doce que derrete na boca; a despedida
de um sonho tranqüilo e maternal - por que meus ombros doem tanto? Por que a
espera é longa?).
Na faculdade, o professor, com um
sorriso aberto, diz: Fim de semana e férias são quase sempre sagrados, sabia?
Mas Fernanda debocha, e demonstra: não é assim tão cristã.