sábado, 2 de junho de 2012

-    O que Fernanda quer viajando sozinha?
-      Quer fazer o que não pode, mãe? Quer sumir; ir de bicicleta, ou a pé, andar como uma louca por lugares desconhecidos;  quer aprender a outra língua, quer...se embriagar?
-        Perguntarei a ela, -e resmungando continua- sempre tem alguma coisa.
Mas enquanto corre a hora, entre café, livros e solitude...

(Um dia ainda irei até lá buscar as minhas roupas no armário dele – ele não se desfez delas, desfez? Um dia vou buscar.
E vou levar um pouco de éter, do perfume nos cabelos e na roupa. Vou de corpo inteiro. Volto de corpo inteiro, e com alguns anos a menos).

Corre a descrença tímida e muda de que Fernanda vai abrir asas e voar. Ela saboreia a liberdade de um jeito muito impessoal. E os amores, os erros, a quentura... Sente tanto, que chega a se sufocar – mas onde estão eles, Fernanda...?Onde estão?

(Um trocado amassado no bolso; dois projetos incompletos na pasta; desejo por doce que derrete na boca; a despedida de um sonho tranqüilo e maternal - por que meus ombros doem tanto? Por que a espera é longa?).

Na faculdade, o professor, com um sorriso aberto, diz: Fim de semana e férias são quase sempre sagrados, sabia?
Mas Fernanda debocha, e demonstra: não é assim tão cristã.