Esses
dias, estive pensando nesses consensos, nesses juízos, nessas doutrinas e nesses
valores que me embutiram como se fossem estáticos e meus.
Esse
assunto já deve estar batido, não é? Mesmo assim, quero compartilhá-lo com
você.
Pois
bem. Essa contestação não é só minha, ela permeia a pós-modernidade: fragmenta
identidades; movimenta grupos e populações em busca de um ideal comum e à contrarregra
do que os fora imposto; é capaz de construir uma lógica de coletivismo e
alterar percepções, mudar ideias de Estados e de nações.
Afinal,
quem é que inventou a Verdade? O Dono da Verdade?
Quem
é que inventou a Justiça? O Dono da Verdade?
Para
conferir e acompanhar o que nos foi pré-estabelecido, deveríamos ir atrás e
consultar este Senhor, entender se o Estado está em dia com as suas
instituições, se as pessoas estão em dia com os seus costumes, seus hábitos,
seu cotidiano e suas vontades individuais.
Se
a Verdade tivesse um só dono, não seria Verdade o princípio da democracia. Se
ela tivesse um dono só, existiria distribuição de poder?
Eu
duvido que, este dono, se existisse e pudesse confeccioná-la, faria a Verdade
tão à mercê do discurso, o discurso tão à mercê da Interpretação. Eu duvido
mesmo, meu amor. Ninguém o perdoaria por esse erro – nem eu!
A
proposta, então, é a seguinte: reinventar a Verdade. Só assim seremos mais livres, pode apostar. Vamos meninar, folgar, dormir juntos todos os dias-, se isso acontecer.
A Verdade
(se eu mesma concordar) será viver o mundo minuciado em fantasias, fetiches,
boca cheia de água... Será a expressão natural de tudo, sangue, paz e violência.
Observe bem,
o indivíduo está cada vez mais difícil de
localizar-se em espaço, tempo, identidade. Tudo isso porque alguém inventou os
rótulos como atos e efeitos de observar.
Por exemplo: Quem é
que disse que a felicidade sem angústia, sem ansiedade e aflição, é a melhor
coisa do mundo? Felicidade não pode ser contentamento, mulher! Felicidade assim
é ruim, eu não gosto. E você? Você, o que acha?
Mundo social
e mundo cultural é do que eu venho falar aqui, minha Aurora. Vamos discutir sobre essa regra e essa régua que traçaram e denominaram "Ordem"?
Dessa forma, a Verdade suscitará como aquilo que não se explica, que é desautorizado de poder e relativo. A Verdade se apresentará como o desejo ( leia-se marginalização da moralidade); a subversão inimaginada.
Para mim, que quero redefinir, será o desalojamento e a descontinuidade; a
descentralização e o deslocamento humano de onde ele quiser ir para onde ele
quiser estar.
Enfim. Tomara
que estejamos em tempo de mudar as Verdades do mundo.
"Fer".