segunda-feira, 12 de março de 2012

Segunda-feira, 12 de março de 2012.


Parece que acordei em outro corpo; dormi mal, todo ele doía.
Com os olhos mal abertos (ainda depois de um banho bem tomado), coloquei uma calça jeans clara, uma blusa branca, de X nas costas, e um sutiã vermelho que não acompanhava o modelo da blusa. Depois de andar de um lado para outro, descalça, pela casa, calcei meu all star velho – e, dentro desse vestuário “blusa, calça jeans e all star” estava eu, em comunhão comigo.
Olhei-me no espelho, não vi nada além do de sempre: As pálpebras exageradamente inchadas ( e que, dessa vez, eu não tentei esconder com o meu “gel suavizante de olheiras” pouco útil); e os olhos... ah, nem preciso falar dos olhos, né? Contavam não só a noite mal dormida, como também que não tinham nada para contar.
Minha mãe logo entendeu o que eu nem havia dito, e fez o que pôde: Substituiu o café, da garrafa térmica, pelo suco de maracujá.
E no caminho de casa para a faculdade, meu pai me levava falante tentando me distrair com as suas histórias que têm lições de moral quase sempre envolvendo idoneidade.
No ponto de ônibus, de tão acostumada a receber uma mensagem de “bom dia” por volta daquele horário, senti meu celular vibrar, mas não era nada.
Fiquei lembrando o meu professor explicando o que significava dissonância cognitiva e associando a minha situação ao significado – confessei a mim, não me adaptar, com facilidade, às transformações.
Já sentada ao lado da janela do ônibus, meus cabelos, ainda molhados, bagunçavam-se ao redor do meu rosto. E a mochila no colo, não tirava o peso dos ombros.
Só quando cheguei na praça de alimentação da faculdade, tomando um café (expresso, dessa vez), fraquejei - quisera estar aonde eu moro; bater na porta do apartamento 63 e deitar a cabeça no ombro do Thã.
Até que, subitamente, desliguei-me dos meus pensamentos com uma voz que começou dizendo:
- Olá, Fernanda, você está bem?

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