A gente é uma combinação que não foi feita pra combinar. Somos um par de
sapatos de número, modelo, cor e estampa diferentes, que ninguém – nem eu
mesma- diria que, calçados, ficaria bom e daria pé.
Tanto pé, que
quando o seu anda na frente - o bastante para impor alguma distância -, e eu me
inspiro na sua personalidade, tiro uma caneta do bolso, da bolsa ou da orelha e
procuro um papel, uma notinha de supermercado jogada na bolsa, um guardanapo ou
papel de pão só pra escrever o que tá pronto pra tomar forma no papel, mas tá
saindo com um peso que só existiria mesmo se esses dias fossem como são - dias
carregados de meses.
A partir do
pensamento escrito, então, você, em
algum instante do meu tempo, está próximo da minha realidade mais factual. A
realidade em que sou eu, o café e os bocejos pelas pessoas. O silêncio - e, apesar
de tudo, as palavras do papel em pedaço.
A minha vida, se eu
pudesse coordenar, seria uma aliteração fundida em: Planta, pincéis e pintura,
piano, poesias. E como eu posso, a minha vida involuntariamente é coordenada por
você- porque ainda falta eu decidir como quero fazer o que quero fazer comigo
sozinha no mundo.
E mesmo quando está
longe, só o que sei é que não é o hábito de arrancar cutículas junto das “pelinhas
semi-soltas” dos lábios, com os dentes, que incomodam... São as minhas
interrogações e a sua ausência que descontrola a minha calma e altera as
disposições de tudo. Quando está longe eu sinto o seu cheiro e ninguém consegue inala-lo tão bem quanto
eu. A dor é inerente ao amor ou à busca pela felicidade? Às vezes acho
tristemente que sim, que ambos. Às vezes, felizmente, sim.
E é por isso que,
tantas vezes, eu posso anular o que eu sou - esse sapato alternativo, mas velho
e com estampas batidas- para entender, viver e amar você.
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ResponderExcluirAinda vou descobrir como só os seus poemos conseguirem me emocionar.
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